domingo, 25 de setembro de 2011

131. Tsantali - Rapsani - 2007

A história real do vinho é carregada de contradições e desencontros cronológicos. Porém, o vinho na sua forma mitológica é carreado de contos, personagens e poesias que cultivam a alegria, o amor e a elevação da mentalidade. Na famosa lenda de Gilgamesh, um rei Sumérico que seria filho de um fantasma e seu reinado teria durado 126 anos, ao entrar no reino do sol encontrou um vinho encantado que, se pudesse bebê-lo, teria a imortalidade que procurava. A história de Gilgamesh tem outras passagens que sugerem que seria a versão babilônica de Nóe. Outra epopéia que cita o vinho está no conto persa de Jamshid, um rei semi-mitológico que teria construído um gigantesco muro para salvar os animais do dilúvio (Noé de novo...!). Certa vez uma jarra cheia de suco de uvas começou a espumar e foi considerado um veneno mortal. Uma donzela que tentava se matar consumiu aquele líquido e, ao invés da morte encontrou a felicidade e um sono reconfortante. Agora sim, falando de Noé, o Velho Testamento indica que após desembarcar os animais no Monte Ararat ele plantou a vide, fez o vinho e se embriagou. Merecido.
Quanto aos gregos, sua predilação pelo vinho pode ser observada nos famosos "simpósios" que eram reuniões para conversar e filosofar, regadas a muio vinho. Acho que é muito interessante a colocação de Eubulus, por volta de 375 a.c., que diz o seguinte: "Eu preparo tres taças para o moderado: uma para a saúde, uma para o amor e a terceira para o sono. Quando essa taça acaba, os convidados sábios vão embora. A quarta taça é a menos demorada, mas é a da violência; a quinta é a do tumulto, a sexta da orgia, a sétima a do olho roxo, a oitava é a do policial, a nona da ranzinzice e a décima a da loucura e da quebradeira."
Já comentei outro tinto grego da Tsantali aqui no blog (relembre). Este Rapsani é produzido com as uvas Xinómavro, Krassáto e Stavrotó plantadas na encosta sul do Monte Olympus, a famosa montanha dos Deuses. O solo com muita pedra, areia e argila exige grande esforço da videira para se desenvolver. Isto, ao contrário do que muitos pensam é extremamente positivo pois a planta sempre tenta armazenar reservas em seus frutos.
O vinho mostrou bela coloração cereja com muito brilho e alguma transparência. Ao girá-lo na taça podemos presumir pouco corpo e leveza. Seu aroma é sutil e traz algumas notas de fruta madura, couro e terra. No paladar é bem mais generoso do que no olfato. Macio, equilibrado, leve, com ótima acidez e taninos marcantes na medida correta. Boa persistência, final agradável com alguma lembrança mineral. É um estilo absolutamente diferente de fazer vinho. Gostei bastante.

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3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Maravilhoso esse vinho, bom de sentir tanto paladar quanto olfato, foi meu primeiro vinho grego e com certeza fui surpreendida, uma massa com molho pesto foi uma combinação maravilhosa, me lembrou a combinação de um vinho portugues que provei recentemente. Excelente informações obrigada!

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    1. Obrigado pelo comentário e visita ao blog!
      Realmente os vinhos gregos tem algo especial, muito sutil... Veja na guia de Paises (Grécia) que tenho mais alguns rótulos gregos.
      Grande abraço!
      Roger - Mundo Vitis

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